Imagina só se… a gente tira a máscara?
Não sei como anda aí onde você mora, mas aqui em Petrópolis entramos na onda das cidades que estão desobrigando o uso de máscaras em locais abertos. Mesmo diante de toda a calamidade pública em que a cidade se encontra, chegamos à marca de zero pacientes internados com Covid – e, considerando que já se foram mais de 1.600 mortos devido a essa bactéria filha da puta, é claro que há motivos para comemorar.
Como muitos seres humanos que habitam o Brasil neste ano de 2022 de nosso senhor Jesus Cristo, eu tô cansada de algumas coisas, muitas das quais podem ser resumidas com Jair Bolsonaro ou Paulo Guedes ou ambos. Mas nos últimos meses, ando meio sem paciência com esse calor todo. É oficialmente outono. Já deu, sabe? E a máscara não ajuda em nada. Mas não pretendo abrir mão da PFF2inha amada que vem me mantendo Covidless há dois anos (não a mesma máscara, obviamente; ah, vocês entenderam).
Eu não ouvi as previsões apocalípticas do Átila pra simplesmente deixar de usar a máscara porque um punhado de políticos decidiu que não precisa mais (em ano eleitoral, ora ora). Sigo esperando o fim dessa maldita pandemia, não importa que certos presidentes queiram rotular de endemia a todo custo.
No máximo, me permito tirar a máscara que dar uma corridinha na esteira na academia, quando não tem ninguém por perto. E é aí que acende o alerta na minha cabeça: frequento um lugar há meses onde ninguém nunca viu a minha cara, assim como não conheço o rosto de grande parte das pessoas que vejo todos os dias. Me mudei durante a pandemia, de uma casa relativamente isolada para um prédio com quatro apartamentos por andar. Ganhei vizinhos próximos, porteiros, coleguinhas da minha filha de 2 anos que agora também frequenta a escola. E, salvas raras exceções, vi pouco do rosto desse novo grupo de pessoas que passou a povoar meus dias.
A ansiedade gerada pela reintegração do convívio social, mesmo que limitado, já é fato consumado, estudado, comprovado. O que vai ter de gente percebendo que prefere ficar em casa mesmo, que lá fora é tudo muito caótico, caro e cruel não tá no gibi. Eu mesma fui de amar um festivalzinho pra ter um suricutico de ver aquele povo todo sem máscara num Lollapalooza, num evento esportivo qualquer.
Não vou nem entrar no tópico da parcela da população desprovida de habilidades para reconhecer fisionomias, grupo com o qual eu infelizmente me identifico. As chances de conhecer alguém uma vez, depois passar pela pessoa na rua sem nem dar um oi são altas. Mas existe uma espécie de frio na barriga diferente para essa re-estreia, para se acostumar com bocas, sorrisos. Tô pronta pra saber quem tem covinha, quem usa aparelho, quem tem bigode? Sei não. Talvez seja só nóia de timidez de quem é bicho do mato como eu, talvez não.
Mas imagina só se a gente volta a poder se ver, conhecer e reconhecer?
Espera… é isso o que chamam de esperança?
compartilho o mesmo sentimento, nath. a pff2 segue firme e fico feliz de fazer parte desse grupo de pessoas que vê as coisas com mais cautela. mas no dia em que, realmente, as coisas mudarem de figura... vai ser emocionante. esperança...